31 de outubro de 2010

Tensão

Adoro a aderência das gotas, a unidade que formam quando caem.
É encantador, elas não querem se separar, lutam para estarem juntas.
Demócrito entenderia?

Naquele copo - quase transbordando - uma gota antes de cair diz às outras:
-'Não! vou fazer de tudo para ficar aqui com vocês!'
E ainda chamam de tensão superficial?
Tensão não... amor excessivo.

10 de julho de 2010

Escola...


SOLDADOS

Ah, a escola! Aquela megera me suga. Minha cabeça leve - e aliás, já formada - quando passa por lá... Que peso! quase paro de tanta memória que chega sem avisar.

Primeiro só vem a lembrança dos soldados nada leais, uniformizados por vontade sincera - dos pais, é claro. Depois eles entram em ação, com toda informal postura, principalmente nas segundas! é aquele sono que se mistura com euforia de contar as novidades do final de semana.

Depois... aula! Não lembro de professores... porém lembro - e muito bem - de inúmeros papéis que passeavam felizes e fofoqueiros pela sala. E enfim, o cheiro de pipoca da Tia Zefa que avisava nossos ansiosos corações que logo sorriríamos com o sinal do momento de nosso paraíso de quinze minutos. E era lá onde eu era realmente feliz, não havia o marasmo da entrada, nem a pressa da saída, havia repouso e conforto. Confissões, brincadeiras, desabafos, nada longo pra ser cansativo, nada tão resumido, tudo tendo sua medida exata do 1/4 de hora.

Último período! Que saco! Eu já queria estar em casa... Mas lá estava o professor falando para uma turma que doava olhares: para os relógios, celulares, para o teto e paredes. E alguns, voltados a ele, incomodavam ainda mais, o olhando como se não estivesse lá. Ele era apenas um ponto de repouso dos olhos para que a mente pudesse viajar.

E viajávamos até o último sinal, esse de liberdade, que avisava que o dia depois iria apenas começar. E de segunda à sexta o mesmo ritual. Tanta vivência, e, concomitantemente, tanto a viver. Nós, crianças, tão adultos.

12/07/10

2 de fevereiro de 2010

Sincera?

Verdadeira, mas na literatura não combina comigo ser fiel às histórias.
Adoro hipérboles. Exagero, profundidade!

Não sei dizer o que sinto...
Escritor deve ser o que é menos fiel ao que sente.
Ele se esconde atrás de desejos - disfarçados nas letras.
É um silenciar que vai pelos dedos e, depois grita, eternizado no papel.

Até consigo me expressar - um pouco - escrevendo...
Mas, até hoje não sei,
como tão objetiva com as letras,
se me embaralho tanto nos sons?